Genética

Chego em casa e escuto:
– Vó, não mostra o bilhete que a professora mandou para minha mãe. Lembre-se que eu te amo, Vó. Eu pergunto:
– Que bilhete?
Chorando, responde:
– A professora entendeu tudo errado. Porque a professora é adulto e adulto não entende nada.
– O que houve?
– A professora mandou bilhete, porque eu estava conversando com meus amigos e disse que eu estava bagunçando.
– E você estava bagunçando? Porque não deixa para conversar durante o horário do lanche, filha?!
– Mãe, tem coisas que não dá pra deixar pra depois. Tem que ser naquela hora. Entende?
– Filha, mas ficar conversando na hora da aula pode te prejudicar e você não entender o que a professora está explicando.
– Mamãe, eu entendo o que a professora explica. Eu só fui combinar com minha amiga o que a gente iria brincar. Amizade é mais importante, mamãe. E deve ser coisa do sangue, né?! Porque a vovó Maria fala demais. Meu vovô Marcelino, também. E eu nasci assim.

(Gabriela, 6 anos)

Inteligente

– Pai, o herói é o vilão do vilão, né?

 (Dante, 5 anos)

Tadinha

Isabelli começou a gaguejar e a psicóloga da escolinha nos disse que ela só gaguejava quando ficava nervosa e ansiosa para falar. Orientou que quando gaguejasse deveríamos pedir que se acalmasse e começasse a falar de novo.
No outro dia ela gaguejou, e eu disse:
– Belli, calma. Fale devagar.
– Mas eu não tô cacarejando.

(Isabelli, 4 anos)

Imaginação

Fernanda estava brincando com o espelhinho que abre e fecha, quando o irmão perguntou:
– Fê, empresta esse espelho?
– Não é um espelho, é um celular.
– Então me empresta seu celular?
– Desculpe, está sem crédito.

(Fernanda, 3 anos)

Uso racional

– Henry, vem tomar banho.
– Tá bom, mamãe. Mas não precisa acender a luz pra não gastar energia.
– O que adianta não acender a luz e você demorar meia hora no banho?!
– Nooooossa o que tem a ver?
– Ué, pra água ficar quentinha precisa de energia elétrica.
– Então acende a luz, que eu não gosto de banho gelado.

(Henry 7 anos)

Destra ou católica?!?

– Jujú, você é católica?
– Não, Nina. Mas minha irmã é.
– Por que você não é católica?
– Porque eu escrevo com a mão direita.

 (Jujú e Nina, 7 anos)

Milho verde

– Mel, vamos comer milho verde?
– Não, tia. Minha, mãe não deixa.
– Por que não?
– Porque ela só deixa eu comer milho maduro.

(Mel, 5 anos)

Será?!

– Mãe, eu quero ter um irmãozinho do meu tamanho.
– Mas ele vai nascer pequenininho, vai fazer cocô, xixi na fralda.  E a escola a mamãe não vai conseguir pagar para os dois. Vocês terão que estudar em outra escola, que a mamãe não precisa pagar.
– Não, mãe! Eu fico na minha escola, que você consegue pagar e você coloca ele na outra, que não precisa pagar. Assim dá.
– Não filho, quando a gente tem dois filhos, tem fazer tudo igual para os dois. Se a mamãe não tiver dinheiro para comprar dois brinquedos, não compra nenhum. E os seus brinquedos você também teria que dividir com seu irmãozinho, para os dois brincarem juntos.
Ele parou, pensou e disse:
– É… eu acho melhor primo mesmo.

(Léo, 5 anos)

Oh raios

– Pai, já estão surgindo os meus primeiros raios de mulher?
E antes de ouvir a resposta, acrescentou:
– É que em você já surgiram os primeiros raios de idoso.

(Lis, 7 anos)

Vírus cívico

Ao cortar as unhas das mãos da Juju, expliquei que era importante manter as unhas sempre cortadas para não acumular germes, bactérias e vírus.
Aí ela começou a cantar:
– O vírus do Ipiranga as margens plácidas…

(Julia Eduarda, 3 anos)