Eu estava chegando com a milha filha na escolha, guiando ela pela cadeira de rodas, quando um colega se aproximou e me perguntou:
– Uau! Como couberam ela e a cadeira na sua barriga?
(André, 5 anos)
Na hora do recreio, eu estava colocando suco na sonda de um aluno que se alimenta por gastrostomia. Um colega de outra turma reparou de longe e disse:
– Que legal! Ele vem com uma máquina de suco junto!
(Guilherme, 6 anos)
Três amigos estavam brincando no intervalo da aula quando um deles, na cadeira de rodas, começou a babar. Isis, uma amiga mais velha, correu para enxugar, parecendo constrangida, quando a Catarina disse:
– Acontece! Eu tô acostumada, meu avô também faz desse jeito.
(Catarina, 6 anos)
Quando a última aula terminou, o José estava com seu amiguinho Edson, que é cego, numa conversa animada. De repente, José arrematou:
– Já entendi, Edson. Você enxerga com as mãos. Já eu como com a barriga.
(José, 7 anos)
Um grupo de amigos da escola estava conversando e a Alice chegou em sua cadeira de rodas. Um dos meninos, mais novo, perguntou:
– Ué, ela não anda?
E o amigo Henrique respondeu:
– Anda, sim. E tem rodas. Vai muito mais rápido que a gente.
(Henrique, 5 anos)
A família estava no consultório médico: mãe, pai e os dois filhos, um deles com deficiência. O médico, se referindo à criança com deficiência, disse para a mãe:
– Pena que acontece isso, né?
E o irmão, que estava distraído fazendo palavras cruzadas, replicou:
– De não acertar a palavra, né, doutor?
(Pedro, 7 anos)