– Mamãe, vou falar pro coronavírus me ajudar a cozinhar.
– Por que, filha?
– Porque você disse que ele te ensinou a cozinhar na quarentena. Então, eu também quero aprender.
(Melissa, 5 anos)
Lucas estava caminhando pelo mato com a sua avó Suzana e pediu:
– Vovó, me alcança aqueles dois gravetos de árvore? É para eu tocar bateria.
– Por que você quer isso, Lucas?
– É que eu preciso fazer uma live agora.
(Lucas, 2 anos)
Com essa quarentena, minha filha me pergunta todos os dias de quem estou com saudade. Para não alimentar a falta que ela está sentindo das pessoas, digo que não estou com saudade de ninguém.
Então, uma noite, ela disse:
– Mãe, você está com saudade de quem?
– De ninguém, filha.
– Nossa mãe, você é podre, né?!
(Sophia, 5 anos)
Minha filha estava orando:
– Papai do céu, abençoe que o vírus vá embora logo pra gente ir na casa “duzoto”. Amém.
(Helena, 2 anos)
Lucas, durante mais uma aula on-line, falou:
– Mãe, não quero mais assistir aula. Isso é muito chato.
– Filho, eu sei que as vezes é chato. Eu também já tive 6 anos e passei por isso, mas é importante continuar assistindo.
– E por acaso teve coronavírus quando você tinha 6 anos? Então, você não sabe.
(Lucas, 6 anos)
Um dia desses, Vittorio me perguntou o que é cativeiro e respondi que é um tipo de prisão.
– Alguns segundos depois ele soltou:
– A gente tá “cativado” há muitos dias, né mãe?
(Vittorio, 5 anos)